sábado, 29 de novembro de 2008


Com uma carinha de menino e um sorriso lindo, esse gato, de apenas 30 anos, já tem 15 de profissão e um currículo de dar inveja. Gabriel Gracindo é ator, produtor, diretor e roteirista de teatro. Atuou em mais de 20 espetáculos teatrais e, na Globo, entre outros trabalhos, fez Malhação, A Casa das Sete Mulheres e, na Record, já entrou como protagonista de A Escrava Isaura. Gabriel é filho do ator Gracindo Júnior, neto de Paul Gracindo, e a cada geração dos Gracindos nasce um novo talento na família. Seu filho, João, de 10 anos, também é ator. "A culpa é do meu avô! Para mim, é um superorgulho ser neto de Paulo Gracindo e filho de Gracindo Jr." declara o rapaz. Na novela Chamas da Vida, ele vive o tímido e inseguro bombeiro Júnior, que morre de medo de fogo e é apaixonado pela melhor amiga, mas não tem coragem de se declarar. Ao contrário de seu personagem, Gabriel, sabe muito bem o que quer da vida. É extrovertido e muito bem casado com a atriz Fernanda Nobre. Muito ligado à natureza, o ator escolheu como cenário para essa entrevista o belíssimo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde falou sobre família, projetos e seu personagem.

Como é o Júnior?


Ele é muito divertido, uma figura. É uma honra fazer esse trabalho. Júnior é o único bombeiro que foge do fogo. Muito medroso, só entrou para a corporação a fim de chamar a atenção do pai, que vive chamando-o de covarde. Nas situações de tensão, ele sempre corre, foge do fogo (risos). Mas ele vai dar a volta por cima e conseguirá provar ao pai que é um herói.


Você fez laboratório para interpretar um bombeiro na novela?


Fizemos vários cursos no Corpo de Bombeiros Central do Rio de Janeiro. Até dormimos lá e saímos em missão às 4 h da manhã. Essa preparação foi importante, porque as cenas são muito reais, nós apagamos fogo mesmo! Os equipamentos são originais e os bombeiros que aparecem em cena, junto com a gente, não são figurantes, são profissionais. Eles continuarão até o final das gravações, orientando nos diálogos, na postura e no modo de colocar a farda.


Mudando de assunto, que tipo de lembrança você guarda do seu avô?


Há um imagem que é muito forte, que foi ver meu avô em cena na peça Num Lago Dourado. Eu tinha uns 7 anos e meu pai estava dirigindo. Fiquei na platéia e depois fui ao camarim. A liberdade de subir ao palco, entrar na coxia e no camarim, ter acesso àquele lugar, que era um santuário, me marcou demais.


Foi isso que o influenciou a virar ator?


Esse universo foi natural pra mim, vendo meu avô no teatro e meu pai na TV. Uns amigos me chamaram para fazer um festival de teatro amador, adorei e não parei mais.


Como é trabalhar com seu pai?


É uma emoção sempre! Ele sabe o que quer e, como tem experiência, nos passa segurança. É muito exigente, ao mesmo tempo em que é um doce de pessoa. Aproveito muito o Gracindo, em tudo. Sempre peço a opinião dele sobre meus trabalhos e dou minha opinião sobre os dele. É uma troca bem grande. Meu pai é muito meu amigo.


Prefere teatro ou TV?


TV é mais suave, grava-se muito, é mais tranqüilo. Eu me fiz ator no teatro, é mais a minha casa, cresci ali. Lá tenho mais atitude, na televisão sou levado, faço o que me mandam. Viver só de teatro é quase impossível, você tem que estar sempre captando recursos e a televisão paga o seu salário.


Você acha a profissão inconstante?


O ator não pode ficar acomodado, mesmo quando está contratado. Deve pensar no futuro. Procuro sempre escrever e produzir. Tenho esse espelho no meu pai, que dirigiu e produziu muito e até hoje faz isso. Ele é um empreendedor.


O que você gosta de fazer nas folgas?


Gosto de escrever, tenho alguns projetos... Curto caminhar, aqui, no Jardim Botânico, e nas Paineiras. Vou muito à praia, ao cinema e adoro ficar em casa com a Fernanda.